Candangos desembarcam na África do Sul para enfrentar desafio de Mountain Bike
Nádia Medeiros - Correio Braziliense
20/03/2012 08:15
José Antônio Filho (E) e Denílson Postai tiraram férias do trabalho para encarar a competição: cuidados com a alimentação e a recuperação física
Para participar da Cape Epic, prova conhecida como o "Tour de France do mountain bike", a dupla candanga Denílson Postai, 40 anos, e José Antônio Ferreira Filho, 52, desembolsou, somente com inscrição na competição, R$ 3.500. A soma dos gastos triplica quando incluem-se passagens de ida e volta, hospedagem e alimentação, além de peças reservas e equipamentos novos (inclusive bikes e pneus). "É um vício. Chega a ser preocupante", diverte-se o analista de informática José Antônio.
O fato é que, para a dupla, os gastos se justificam e compensam. Apaixonados por mountain bike, eles tiraram férias do trabalho e embarcam hoje para a maior aventura sob duas rodas das suas vidas de ciclistas amadores. A Cape Epic tem largada na Cidade do Cabo, África do Sul, no domingo, e só acaba oito dias depois, em 1º de abril. São 781km a serem percorridos, sendo 16.300m de pura subida — quase como escalar duas vezes o Monte Everest.
"A distância (781km) nem preocupa tanto. O problema é essa ascensão. Para quem faz mountain bike, pensar em 16.300m assusta. É um absurdo", comenta Denílson. "É uma das provas de mountain bike mais difíceis do mundo", afirma José Antônio. O treinamento da dupla para encarar a Cape Epic incluiu duas viagens a Pirinópolis, duas à Chapada dos Veadeiros, um Rally Cerapió, em janeiro deste ano, e treinos com rodagens acima de 100km.
Além de ajudar a exercitar o físico, as viagens serviram para treinar a convivência, comenta José Antônio. Como vai chegar quatro dias antes da competição, a dupla passará quase 15 dias junta. "Na prova, precisamos estar em alta sintonia. De acordo com as regras, não podemos ficar à frente um do outro mais que dois minutos. Temos que estar num ritmo parecido e não podemos quebrar o outro", explica Denílson. "Ainda tem a convivência fora da prova, acampando e dormindo junto", comenta José Antônio.
Segundo eles, além dessa boa relação e sintonia, dois fatores são fundamentais para que tudo corra bem durante os oito dias: cuidados com a alimentação e a recuperação após cada trecho. No primeiro caso, Denílson e José Antônio estão preparados. Vão levar muita coisa aqui do Brasil, pois não querem arriscar a comer algo diferente e passar mal. Entre os ingredientes, muita castanha de caju e suplementos alimentares.
Quando o assunto é recuperação muscular, a dupla sabe que qualquer dor mais intensa pode atrapalhar o desempenho, portanto, já garantiram — e pagaram a mais — para terem direito a massagens após cada etapa. "Tudo nessa prova exige logística. Uma coisa que sai mal planejada pode arruinar", diz José Antônio. "Mas com certeza cada dificuldade compensa. Dizem que a paisagem é linda."
Para competir na África do Sul, os dois fundaram a Cerrado Multisports. A ideia, segundo a dupla, é que a nova equipe agregue integrantes para participar de corridas de aventura.
Saiba mais
Na edição de 2011 da Cape Epic, o suíço Christoph Sauser e o sul-africano Burry Stander levaram a melhor. Stander, inclusive, tornou-se o primeiro atleta da casa a conquistar a prova. Após os mais de 700km, 992 dos 1.206 competidores que iniciaram a disputa cruzaram a linha de chegada. O Brasil tinha 40 representantes inscritos e 18 deles chegaram ao fim da disputa.
Estatísticas e curiosidades
Alain Prost na disputa
Denílson e José Antônio não estão empolgados somente por causa da aventura em si, mas também porque encontrarão grandes atletas na Cape Epic. Além das estrelas do mountain bike, o tetracampeão mundial da F-1 Alain Prost confirmou presença na prova e também vai pedalar. Eles comentam que vale até tietar um
pouco o ex-piloto.
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