Brasil Ride reúne 300 atletas para percurso de 602km na Chapada Diamantina

Até sábado, o Parque Nacional sediará o Brasil Ride, maior campeonato de mountain bike da América Latina

Marcela Mattos - Correio Braziliense

Enquanto muitos turistas aproveitam as serras e cachoeiras da Chapada Diamantina, na Bahia, para tirar alguns dias de descanso e sossego, 300 atletas começaram ontem uma temporada que em nada se assemelha ao clima de tranquilidade da região. Até sábado, o Parque Nacional sediará o Brasil Ride, maior campeonato de mountain bike da América Latina. E, durante esta semana, o grande desafio será conciliar as particularidades da natureza. Ao mesmo tempo em que é estimulante pedalar com um belo visual, o terreno irregular não vai dar trégua nos 602km de prova.

O Brasil Ride, que chega à segunda edição neste ano, receberá participantes de 20 estados brasileiros e de 19 países. No lançamento da prova, em 2010, o índice de 15% de desistência — considerado alto, já que a maioria dos inscritos tem experiência em longas distâncias — revela por que a prova já é considerada uma das mais difíceis do globo.

Ainda assim, Mário Rosa, ultramaratonista organizador do evento, afirma que uma das mais fortes características do campeonato é ser democrático. "É quase uma salada russa. Participam para-atletas, campeões de triatlo, campeões olímpicos e alguns amadores. Cada um tem em mente superar um desafio pessoal", explica ele, acrescentando que, para as etapas, existe um limite de tempo bem confortável de ser cumprido. No primeiro dia, na tarde de ontem, os 12,4km puderam ser percorridos em até três horas, uma média de velocidade pouco maior que 4km/h.

Cada fase, no entanto, é bastante diversificada. A primeira, a mais curta de todas, serviu como classificatória para a largada. Por isso, exigiu pedaladas em altíssima velocidade de quem queria ficar na frente do pelotão. Já a segunda, considerada a mais longa realizada no mundo, prevê 145km. Para ser possível finalizar o percurso, que deve durar cerca de sete horas, algumas estratégias têm de ser traçadas antes da largada.

Os brasilienses Alexandre Manzan e Rafael Borges, experientes em provas longas, planejam dosar força e velocidade durante todo o trajeto. "Se percebermos que está muito difícil, vamos segurar a velocidade. Uma competição como essa depende muito mais de resistência do que de explosão", explica Manzan, triatleta vice-campeão mundial, que participou da primeira edição do Brasil Ride. "A ideia é não perdermos tempo nos pontos de apoio. Parar só para abastecer as garrafas de água", completa o parceiro, Rafael. Todas as etapas serão realizadas em duplas, que não poderão se afastar por mais de dois minutos.


Quilômetros rodados
Há um mês, Alexandre Manzan e Rafael Borges fizeram um percurso de 200km em dois dias pelo meio do mato, saindo de Alto Paraíso e passando pelo interior de Goiás. A dupla também tem no currículo provas de longas distâncias, como a Volta de Santa Catarina, de 500km, e o percurso entre Teresina (PI) e Jericoacoara (CE), de cerca de 600km.


Brasil Ride em números

300
Atletas

602km
Distância total do percurso

80 mil
Litros de água disponíveis

19
Países presentes na disputa

11.359 metros
Altimetria total

R$ 25 mil



Tudo sob controle

Antes das provas, não só a intensidade das pedaladas deve ser calculada. Alguns outros detalhes — pequenos, mas decisivos em um percurso de grande impacto — têm de ser levados em conta. O principal deles é a alimentação. Os 145km, por exemplo, estão planejados pelos brasilienses para serem completados com o menor número de paradas possível. Por isso, entre as roupas e os equipamentos, uma boa quantidade de suplementos recheou a mala dos atletas.

Em um espaço de tempo em que normalmente se almoça, lancha e janta, a dupla estará apenas pedalando. Nos bolsões dos uniformes, barras de cereal, géis de carboidrato e sanduíches substituirão as refeições. "A quantidade calórica é a mesma. A diferença se dá no que está sendo ingerido", explica Rafael Borges.

E, ao fim do percurso, o descanso fica para depois. Antes de relaxarem para a próxima etapa, ainda têm de checar se houve dano ao equipamento. Isso sem contar as fortes dores, que devem ser ignoradas ao longo dos sete dias.
 

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